{"id":4437,"date":"2022-12-26T14:38:05","date_gmt":"2022-12-26T17:38:05","guid":{"rendered":"https:\/\/folhakariocas.com.br\/?p=4437"},"modified":"2022-12-26T15:07:38","modified_gmt":"2022-12-26T18:07:38","slug":"retrospectiva-2022-o-ano-em-que-o-mundo-atingiu-a-marca-de-100-milhoes-de-pessoas-forcadas-a-se-deslocar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/folhakariocas.com.br\/retrospectiva-2022-o-ano-em-que-o-mundo-atingiu-a-marca-de-100-milhoes-de-pessoas-forcadas-a-se-deslocar\/","title":{"rendered":"Retrospectiva 2022: o ano em que o mundo atingiu a marca de 100 milh\u00f5es de pessoas for\u00e7adas a se deslocar"},"content":{"rendered":"\n

Relembre os principais acontecimentos no Brasil e no mundo que marcaram o trabalho do ACNUR como um dos mais desafiadores em 72 anos de hist\u00f3ria.<\/em><\/p>\n\n\n\n

Guerra na Ucr\u00e2nia, epis\u00f3dios de xenofobia no Brasil e emerg\u00eancias clim\u00e1ticas fizeram de 2022 um dos anos mais desafiadores para pessoas for\u00e7adas a se deslocar e o trabalho do ACNUR em seus 72 anos de hist\u00f3ria.<\/p>\n\n\n\n

Mas n\u00e3o lembraremos de 2022 somente por suas trag\u00e9dias. Celebramos a inclus\u00e3o de pessoas refugiadas no Carnaval do Rio, no Dia Mundial do Refugiado e vimos Maha Mamo fazer hist\u00f3ria gerando conhecimento e movimentando solu\u00e7\u00f5es para pessoas ap\u00e1tridas.<\/p>\n\n\n\n

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Foto: Divulga\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Ao final de um ano marcado por tantos momentos impactantes, tiramos um momento para lembramos de todas as pessoas que se esfor\u00e7aram para levar ajuda humanit\u00e1ria aos quatro cantos do globo e todos aqueles afetados por guerras, conflitos, persegui\u00e7\u00f5es e viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos.<\/p>\n\n\n\n

Brutalidade<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No dia 24 de janeiro, o congol\u00eas Mo\u00efse Kabagambe foi brutalmente assassinado em seu ambiente de trabalho no Rio de Janeiro, com apenas 24 de idade. O caso comoveu todo o Brasil, que se mobilizou em solidariedade aos familiares do jovem que chegou ao Brasil em 2014 com a m\u00e3e e os irm\u00e3os em busca de seguran\u00e7a contra a viol\u00eancia que assola o pa\u00eds onde nasceu, a Rep\u00fablica Democr\u00e1tica do Congo.<\/p>\n\n\n\n

O ACNUR uniu-se \u00e0 sociedade civil em movimentos de advocacy pela n\u00e3o discrimina\u00e7\u00e3o de pessoas refugiadas, que resultou na cria\u00e7\u00e3o do Observat\u00f3rio da Viol\u00eancia contra Refugiados, criada pelo Comit\u00ea Nacional para Refugiados (CONARE).<\/p>\n\n\n\n

Inclus\u00e3o: Carnaval<\/strong><\/p>\n\n\n

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Foto: Divulga\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure><\/div>\n\n\n

Tamb\u00e9m no Rio de Janeiro, cerca de tr\u00eas meses depois, 20 pessoas refugiadas de 5 diferentes nacionalidades (Angola, Marrocos, Rep\u00fablica Democr\u00e1tica do Congo, S\u00edria e Venezuela) conheceram o Brasil, o pa\u00eds que os acolheu, sob uma perspectiva diferente: desfilando na Sapuca\u00ed em uma das principais escolas de samba do carnaval carioca.<\/p>\n\n\n\n

Fruto de uma parceria com o ACNUR, a Salgueiro convidou essas pessoas para compor o tema do ano: a luta contra o racismo. Al\u00e9m de estreitar ainda mais os la\u00e7os com o pa\u00eds de acolhida, a iniciativa foi um momento de muita emo\u00e7\u00e3o entre os participantes, que puderam celebrar suas hist\u00f3rias e o acolhimento que receberam no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Essa jornada foi registrada em um document\u00e1rio chamado \u201cResist\u00eancia, a jornada dos refugiados no Carnaval do Rio\u201d, dirigido por Beca Furtado e produzido pela Ag\u00eancia da ONU para Refugiados (ACNUR) e pela produtora Rec Design. Recentemente, ganhou na categoria de melhor document\u00e1rio no S\u00e3o Paulo Film Festival. Assista o trailer aqui<\/a><\/strong>.<\/p>\n\n\n\n

Sem precedentes: Ucr\u00e2nia<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O conflito com a R\u00fassia deixou o mundo em p\u00e2nico com as perspectivas de uma guerra nuclear, e em todo o globo os efeitos da guerra impactaram os pre\u00e7os de combust\u00edveis, alimentos e servi\u00e7os. Mas o maior custo foram as vidas impactadas pela viol\u00eancia armada que for\u00e7ou mais de 10 milh\u00f5es de pessoas a fugirem de seus lares em busca de prote\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Em setembro de 2022, quase 18 milh\u00f5es de pessoas na Ucr\u00e2nia precisavam de ajuda humanit\u00e1ria, incluindo mais de 6 milh\u00f5es de pessoas deslocadas pelo conflito. Em novembro de 2022, mais de 7,8 milh\u00f5es de refugiados da Ucr\u00e2nia foram registrados em toda a Europa.<\/p>\n\n\n\n

Apoie hoje mesmo pessoas ucranianas que enfrentam inverno rigoroso. Doe agora.<\/a><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Um novo recorde. De novo.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Pelo 7\u00b0 ano consecutivo, o mundo testemunha a curva crescente do n\u00famero de pessoas for\u00e7adas a se deslocar no mundo. Em junho, os dados oficiais registraram a triste marca de 100 milh\u00f5es de refugiados, solicitantes da condi\u00e7\u00e3o de refugiado e deslocados internos no mundo, ou seja \u2013 pessoas for\u00e7adas a se deslocar por guerras, conflitos, persegui\u00e7\u00f5es e viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos.<\/p>\n\n\n\n

Parte do \u201cac\u00famulo\u201d dos n\u00fameros, ou a raz\u00e3o pelas quais essas estat\u00edsticas apenas crescem, deve-se n\u00e3o s\u00f3 ao surgimento de novas crises, mas da n\u00e3o resolu\u00e7\u00e3o de crises antigas.<\/p>\n\n\n\n

Em outubro, o ACNUR anunciou um outro recorde, igualmente chocante: um d\u00e9ficit de 700 milh\u00f5es de d\u00f3lares, maior desfalque or\u00e7ament\u00e1rio de sua hist\u00f3ria. Com essas restri\u00e7\u00f5es, a organiza\u00e7\u00e3o \u00e9 for\u00e7ada a cortar programas de extrema necessidade e n\u00e3o permite com que sejam desenvolvidos os programas de solu\u00e7\u00f5es duradouras para pessoas que vivem h\u00e1 anos \u2013 ou at\u00e9 mesmo d\u00e9cadas \u2013 na depend\u00eancia de assist\u00eancia humanit\u00e1ria.<\/p>\n\n\n\n

Obrigado, Brasil!<\/strong><\/p>\n\n\n\n

No Dia Mundial do Refugiado (20 de junho), o Brasil recebeu uma singela homenagem das pessoas refugiadas que foram acolhidas no pa\u00eds atrav\u00e9s de uma proje\u00e7\u00e3o feita nas duas torres do Congresso Nacional, que estampou: \u201cObrigado, Brasil!\u201d<\/p>\n\n\n\n

At\u00e9 agora, o pa\u00eds j\u00e1 reconheceu mais de 63 mil pessoas como refugiadas, sendo que a maioria s\u00e3o oriundas da Venezuela, S\u00edria e Senegal. Confira os dados atualizados aqui<\/a><\/strong>.<\/p>\n\n\n\n

Inunda\u00e7\u00f5es no Paquist\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n

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Bahadur Khan e sua fam\u00edlia tiveram apenas alguns minutos para sair de sua casa na provincia de Khyber Pakhtunkhwa no noroeste do Paquist\u00e3o antes que ela fosse varrida pelas inunda\u00e7\u00f5es – Foto: Divulga\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure><\/div>\n\n\n

As mudan\u00e7as clim\u00e1ticas est\u00e3o reconfigurando as formas e diretrizes de se pensar deslocamento for\u00e7ado e respostas emergenciais, e em 2022 testemunhamos desastres clim\u00e1ticos afetando gravemente popula\u00e7\u00f5es inteiras.<\/p>\n\n\n\n

O caso mais emblem\u00e1tico foram as inunda\u00e7\u00f5es no Paquist\u00e3o, que afetaram mais de 33 milh\u00f5es de pessoas \u2013 incluindo uma parcela significativa de refugiados no pa\u00eds. Entre Nig\u00e9ria, Chade, N\u00edger, Burkina Faso, Mali e Camar\u00f5es, j\u00e1 s\u00e3o 3,4 milh\u00f5es de pessoas afetadas tamb\u00e9m por enchentes somente em 2022.<\/p>\n\n\n\n

Afeg\u00e3os no Brasil<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A crise que se iniciou em 2021 se manteve como um dos principais focos de atua\u00e7\u00e3o do ACNUR a n\u00edvel global e no Brasil, que nos \u00faltimos 12 meses \u2013 segundo dados do Minist\u00e9rio das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores -emitiu de cerca de 5,8 mil vistos humanit\u00e1rios para pessoas afetadas pela atual crise no Afeganist\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Neste mesmo per\u00edodo, de acordo com informa\u00e7\u00f5es da Pol\u00edcia Federal, o pa\u00eds registrou a entrada em territ\u00f3rio nacional de mais de 2,2 mil pessoas afeg\u00e3s.<\/p>\n\n\n\n

De acordo com dados do ACNUR, cerca de 600 pessoas do Afeganist\u00e3o j\u00e1 foram atendidas pela ag\u00eancia e suas organiza\u00e7\u00f5es parceiras no Brasil no \u00faltimo ano \u2013 desde a publica\u00e7\u00e3o da Portaria Interministerial n. 24, de 3 de setembro de 2021, que estabeleceu a concess\u00e3o dos vistos humanit\u00e1rios e autoriza\u00e7\u00e3o de resid\u00eancia por raz\u00f5es humanit\u00e1rias para nacionais afeg\u00e3os, ap\u00e1tridas e pessoas afetadas pela situa\u00e7\u00e3o naquele pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n

Mais do que merecido: cidad\u00e3 e condecorada!<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Apesar de todos os desafios, o ano se encerra com uma vit\u00f3ria: a ex-ap\u00e1trida Maha Mamo foi condecorada com a ins\u00edgnia da Ordem de Rio Branco, Grau de Cavaleiro, por sua atua\u00e7\u00e3o c\u00edvica pelo fim da apatridia, condi\u00e7\u00e3o em que vivem por 30 anos at\u00e9 ser reconhecida como cidad\u00e3 brasileira em 2018.<\/p>\n\n\n\n

\u201c\u00c9 com muito orgulho que continuarei a levar o nome e o bom exemplo do Brasil para todos os pa\u00edses onde eu estiver. \u00c9 uma grande honra receber este t\u00e3o importante reconhecimento da diplomacia brasileira<\/strong><\/em>\u201d, afirmou Maha, que dedicou a nova conquista a todas as milh\u00f5es de pessoas ap\u00e1tridas no mundo.<\/p>\n\n\n\n

Estima-se que mais de 10 milh\u00f5es no mundo sejam ap\u00e1tridas, ou seja, n\u00e3o possuam nacionalidade, registro ou documenta\u00e7\u00e3o que comprovem sua exist\u00eancia, tornando essa popula\u00e7\u00e3o especialmente marginalizada e sem acesso a direitos b\u00e1sicos.<\/p>\n\n\n\n

Fa\u00e7a uma doa\u00e7\u00e3o para que fam\u00edlias refugiadas possam ter vidas dignas e seguras.<\/a><\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Relembre os principais acontecimentos no Brasil e no mundo que marcaram o trabalho do ACNUR como um dos mais desafiadores em 72 anos de hist\u00f3ria. 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