O número de demitidos chega a 200, dos mais de 1,7 mil e afetou diversas áreas da companhia -Por Gustavo Brigatto
A VTEX está fazendo hoje um ajuste em seu quadro de funcionários. O Startups apurou que o corte fica perto de 200 pessoas, ou pouco mais de 11% do total de 1.765 que a companhia reportou no balanço do 1º trimestre. Em 31 de março de 2021, o número era de 1.238.
Várias áreas foram afetadas no corte de hoje com equipes inteiras sendo desmobilizadas em alguns casos. Uma lista com nomes de pessoas demitidas já está circulando circulou durante a tarde, mas depois saiu do ar com a publicação de uma lista oficial da companhia (acesse a lista aqui).
Procurada, a VTEX confirmou 193 demissões.
“Hoje, anunciamos uma nova etapa em nosso ciclo de expansão eficiente. Este passo vem com decisões difíceis, que impactam diretamente 193 profissionais. Valorizamos muito nossa equipe excepcional, apreciamos profundamente e agradecemos a todos por seu compromisso e trabalho duro. No geral, a decisão de deixar as pessoas irem não foi especificamente sobre o potencial ou o desempenho de cada indivíduo. A decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência. Todas as nossas iniciativas, incluindo qualquer redução e reestruturação da força de trabalho, sempre foram e serão tratadas com transparência, respeito e responsabilidade. Estamos comprometidos em ajudar os funcionários impactados com recursos necessários para sua transição”, disse a companhia em nota.
O corte na VTEX chega no momento de correção no mercado de ações frente ao cenário de incertezas com o aumento da inlfação, aumento de juros, lockdown na China, guerra na Ucrânia (e a possibilidade de surgir qualquer outra novidade tenebrosa do dia para a noite). Com a aversão ao risco crescendo, as empresas estão em busca de preservação de caixa para se manterem vivas. As medidas de contenção estão atingindo as empresas públicas e já chegaram no mundo das startups.
Não está sendo fácil
A VTEX estreou na Nasdaq em julho com a ação valendo US$ 25, avaliada em US$ 3,5 bilhões. De lá pra cá, o papel da VTEX caiu 83%. No ano de 2022, o recuo acumulado é de 59%. Hoje a ação vale na casa dos US$ 4.
Desde o começo do dia o papel opera em alta. No momento, o avanço é de mais de 8% – um sinal de que o mercado pode ter gostado da medida de austeridade em um momento crítico. Com a queda, a companhia perdeu seu status de unicórnio, sendo avaliada na faixa dos US$ 800 milhões.
Entre janeiro e março, a VTEX apresentou uma receita de US$ 34,7 milhões, um crescimento de 29,7% na comparação com o mesmo período do ano pasado. O prejuízo foi de US$ 21,2 milhões, ampliando a perda de US$ 13,3 milhões registrada no 1º trimestre de 2021.
Em abril a companhia realizou o VTEX Day, um grande evento de dois dias que trouxe como palestrantes nomes de peso como o professor Scott Galloway e o piloto inglês Lewis Hamilton.
Outra companhias estreladas, como Amazon, Alphabet (dona do Google), Meta (dona do Facebook), Netflix e o Nubank também sentiram o baque em suas ações por conta da correção, com quedas que passam dos 60%. A Netflix, inclusive, anunciou cortes depois de apresentar números fracos no resultado trimestral.
No mercado privado, pesos-pesados com a Klarna também estão captando dinheiro com valuations menores e fazendo ajustes. Aqui no Brasil, o enxugamento já atingiu nomes como Liv Up, Loft, Facily, Creditas, Zak e Olist.
Em carta enviada às startups de seu portfólio na semana passada, a Y Combinator orientou que os fundadores se preparem para o pior.