Desde o início do ano, fontes econômicas indicaram que os indicadores mostram que, como vinham alertando desde meados de 2022, está ocorrendo uma desaceleração da atividade econômica na Venezuela. E esse, aparentemente, é o aspecto que mais preocupa o empresariado, segundo revelam os resultados da pesquisa Economic Outlook 2023.
A pesquisa, da qual participaram empresários de diversos setores, constatou que os três aspectos que consideram os maiores desafios que enfrentarão ao longo do ano são a desaceleração econômica (65,32%), a incerteza econômica (60,12%) e a queda na demanda ou consumo (50,87%).
Desaceleração da atividade econômica
Esses dados vão ao encontro das informações do economista Asdrúbal Oliveros, diretor da Ecoanalítica, que apontou recentemente que em janeiro o volume de vendas na cidade de Caracas registrou queda de 17,5% em relação a janeiro do ano anterior.
Além disso, a queda nas vendas em janeiro de 2023 foi ainda mais acentuada (23,4%) em relação a dezembro de 2022, quando já havia registrado queda.
Anteriormente, a mesma empresa havia revelado que o volume de vendas de dezembro passado caiu 3,6% em relação a dezembro de 2021. E tudo apesar de ser um mês que geralmente representa um aumento significativo na atividade comercial.
Por sua vez, o valor oferecido pela Consecomercio sobre as vendas em dezembro passado foi mais significativo, pois informou que a queda foi de 15% em termos interanuais.
Causa da queda nas vendas
De acordo com a pesquisa Perspectivas Econômicas 2023, o empresariado venezuelano atribui a queda nas vendas principalmente aos preços (43,06%), fator em que a carga tributária, a inflação acelerada e a alta sustentada tiveram um impacto notório da taxa de câmbio.
Da mesma forma, as outras causas às quais os empresários atribuem a queda no volume de vendas são concorrência (36,11%), problemas de distribuição (5,56%) e outras não especificadas no relatório (15,28%).
Outros desafios para as empresas em 2023
Os consultados na pesquisa também consideraram os fatores de natureza monetária como desafios que enfrentarão neste ano. 41,04% dos consultados mencionaram a taxa de câmbio e 40,46% referiram-se à inflação.
Da mesma forma, 36,46% manifestaram preocupação com o pouco acesso a financiamento. Mas o aspecto de maior impacto após os ligados à desaceleração econômica é a polêmica questão da multiplicidade de impostos (48,55%).
O impacto do IGTF
Nesse sentido, 30% dos consultados indicaram que projetam que neste ano a carga tributária mais significativa será o Imposto sobre Grandes Operações Financeiras (IGTF) que, diferentemente do que o nome sugere, incide sobre as compras feitas com moedas estrangeiras ou criptomoedas, independentemente do valor, desde que as operações ocorram em empresas classificadas como Contribuintes Especiais.
Da mesma forma, quando questionados se acreditam que ao longo do ano a alíquota do IGTF mudará para um valor menor, 53,49% dos entrevistados responderam que não e 46,51% que sim. A alíquota é fixada em 3%.
Por sua vez, 25,71% dos empresários entrevistados acreditam que a maior carga tributária em 2023 serão os impostos municipais; 18,86%, imposto de renda (ISLR); 14,86%, retenções na fonte de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e 10,29% referem-se a contribuições parafiscais.
O jornalismo independente precisa do apoio de seus leitores para continuar e garantir que as notícias incômodas que eles não querem que você leia permaneçam ao seu alcance. Hoje, com o seu apoio, continuaremos trabalhando duro por um jornalismo sem censura!