Toda fabricação de pães passa por fermentação, quando os açúcares da massa são fermentados e transformados em álcool etílico e gases. Grande parte desse álcool evapora no forno, mas um relatório recente* mostra que, quando chega ao consumidor, alguns pães contêm teores alcóolicos preocupantes.
*Relatório Técnico e Mercadológico Proteste, 29/02/2024
Se não é fermentação, de onde vem esse álcool?
O pão é um alimento extremamente perecível. Para evitar o mofo e garantir que o pão chegue até nossas casas intacto, a indústria usa conservantes diluídos em álcool e borrifados no produto antes de embalar. No entanto, quando essas aplicações são exageradas, o pão fica com um teor de etanol muito elevado.
1. Se os pães fossem bebidas, algumas marcas seriam consideradas alcoólicas. Para que uma bebida seja considerada como não alcoólica, a legislação brasileira* determina que ela deve conter um teor máximo de etanol de 0,5%. O estudo mostra que alguns pães brasileiros deveriam ter um aviso na embalagem: “CONTÉM ÁLCOOL”.
2.Se algumas marcas de pães fossem produtos alcoólicos, não passariam no teste do bafômetro. Considerando os índices do DETRAN, a quantidade segura de álcool no organismo (circulando no sangue) seria abaixo de 3,3g de álcool. Ou seja, ao consumir apenas 2 fatias de alguns produtos, isso pode aparecer no bafômetro.
3.Se fossem medicamentos fitoterápicos, seria necessário haver advertências nas embalagens. Muitas crianças tomam medicamentos fitoterápicos, produzidos a partir de plantas. De acordo com as diretrizes pediátricas europeias, o valor limítrofe de advertência para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos é de 6 mg/kg de peso corporal para crianças.
Se tem álcool, todo mundo tem direito de saber.
Se os profissionais de Saúde Pública estipulam limites para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos e se exigem avisos em bebidas com 0,5% de álcool ou mais, por que ninguém avisa sobre os pães?
Texto: temalcoolnopao.com.br