Vladimir Putin, presidente da Rússia, fez nesta terça (21), um pronunciamento feito anualmente, em discurso do estado da nação, a campanha militar na Ucrânia e a situação internacional. Durante o discurso, Putin acusa o Ocidente de querer impor à Rússia uma “derrota estratégica” e acabar com o país “de uma vez por todas”. Potências europeias e norte-americanas criticam a invasão desde o princípio e impuseram pesadas sanções econômicas à Rússia, além de entregar armas e equipamentos militares à Ucrânia.
Dirigindo-se ao povo russo e à comunidade internacional, Vladimir Putin garantiu ainda que Moscovo irá alcançar os seus objetivos na Ucrânia “passo a passo”, embora tenha admitido que o país vive um momento “difícil”.
Em quase dois anos este foi o primeiro discurso do presidente russo sobre o estado e a nação, lembrando que na próxima sexta-feira é o primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022.
“Vamos resolver passo a passo, cuidadosa e sistematicamente, os objetivos que temos à nossa frente”, disse o presidente, segundo a AFP.
“Todos nós temos muita responsabilidade. Há um ano, para defendermos os nossos territórios históricos, para podermos defender o nosso país, para a liquidação dos perigos que vinham do regime neonazi da Ucrânia e depois do que aconteceu em 2014, foi tomada a decisão de começar uma operação especial na Ucrânia”.
Para garantir a segurança da Rússia, “eliminar a ameaça representada pelo regime neonazi que surgiu na Ucrânia após o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial”, explicou ainda o chefe de Estado.
O Ocidente, na visão de Putin, tornou-se um símbolo de mentira e falsidade.
Perante uma plateia composta pela elite política russa e dos militares que combateram na Ucrânia, o chefe de Estado agradeceu “a todo o povo russo pela sua coragem e determinação”.
“Estamos a lutar pelos nossos interesses e pela nossa posição. Não pode haver uma divisão, no mundo atual, entre países desenvolvidos e os outros. Temos de estar juntos e esquecer as agressões”.
Ontem, 20, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, fez uma visita surpresa a Ucrânia e após se reunir com o presidente Volodimir Zelensky, prometeu seguir apoiando a Ucrânia no conflito e anunciou um novo pacote de apoio, de US$ 500 milhões, com equipamentos militares.
Após uma entrevista a um veículo estatal de imprensa, a AFP, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o governo russo acompanha a distância este movimento, bem como a ida de Biden à vizinha Polônia, mas que isto não deve afetar a política russa.
De acordo com Putin, Moscovo estava pronta “para um diálogo construtivo com o Ocidente”.
“Falámos e pedimos para que a Europa e o resto do mundo fossem iguais(…) Como resposta recebemos uma reação falsa (…) e o alargamento da NATO para as nossas fronteiras”.
Em dezembro de 2021, a Rússia apresentou à NATO e aos EUA “alguns projetos de paz” que foram “recusados”.
“Ficou claro que só podíamos resolver isto de forma agressiva e eles têm a mesma opinião e não querem parar”, declarou Putin
“Foram eles que começaram a guerra e nós estamos a tentar parar a guerra. Nós defendemos as vidas das pessoas, a nossa própria casa. O Ocidente só quer poder”, disse o presidente Russo durante o discurso.
Putin afirmou, já próximo de concluir seu discurso, que a Rússia vai “responder a qualquer tipo de pedido”, porque “é um país” grande.
“A verdade é nossa”, concluiu o chefe de Estado da Rússia.
O Kremlin não permitiu que Meios de comunicação social de países considerados como “inimigos”, não foram permitidos por Kremlin a obter acreditação para fazer a cobertura mediática do discurso, nesta terça-feira. O dia escolhido para o discurso coincide com a data em que Vladimir Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região do Donbass (leste ucraniano).
Putin ordenou nesta mesma data, 21 de fevereiro de 2022, a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, um prelúdio para o início da ofensiva militar contra a Ucrânia que aconteceria poucos dias depois.