Áreas subutilizadas e ociosas da Rocinha, uma das maiores comunidades do Brasil, na Zona Sul do Rio, aos poucos estão sendo transformadas em espaços verdes, produtivos e sustentáveis. A transformação física, que reflete diretamente na qualidade de vida da população e na preservação ambiental, está sendo possível a partir do projeto inovador “Horta na Favela”, iniciativa do Governo do Rio, por meio do edital Favela Inteligente.
O edital foi lançado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (Faperj) com o apoio da Universidade Federal Rural Fluminense (UFRRJ). O objetivo principal do projeto é reduzir o impacto ambiental e promover a sustentabilidade por meio do cultivo de alimentos orgânicos e da conscientização sobre práticas sustentáveis. Com a participação ativa dos moradores locais, o projeto está proporcionando mudanças positivas para a comunidade, como geração de renda e o combate à insegurança alimentar.
– Em algumas visitas à comunidade da Rocinha, eu garanti à população que o Governo do Rio estaria presente com ações e muito trabalho, trazendo para os moradores mais dignidade, respeito, sustentabilidade e oportunidades. Esse projeto da horta mostra que, com trabalho em equipe, as comunidades contribuem para construir um ambiente melhor, garantindo espaços mais seguros e sustentáveis para as nossas crianças no futuro – ressalta o governador Cláudio Castro.
O “Horta na Favela” utiliza técnicas de cultivo de forma orgânica, sem o uso de agrotóxicos. Criador do projeto, Flávio Gomes, de 48 anos, que atua diretamente com cerca de 70 crianças, sente-se motivado a continuar o trabalho por muito tempo. Para ele, essa é uma forma de reduzir as desigualdades do país.
– Começamos um trabalho de consciência ambiental com crianças da parte alta e a ideia é que possamos levar uma horta para cada uma delas. Além disso, construímos uma composteira e, com ela, estamos retirando mais de 100 quilos de resíduos do meio ambiente e transformando lixo em adubo orgânico. Acredito que, no futuro, iremos retirar da favela toneladas de lixo e transformar os locais em hortas, trazendo qualidade de vida para as nossas crianças e toda a comunidade – disse o morador.
E o futuro está próximo. Com o apoio da Faperj e da Universidade Rural, 50 moradores da Rocinha serão beneficiados, em breve, com o projeto. Cada espaço selecionado vai receber ainda composteira, canteiros, além de um enxame de abelhas Jataí. Para Flávio, a parceria vai servir para alcançar cada vez mais famílias da comunidade.
– As abelhas vão servir para a geração de mel de abelhas sem ferrão para a produção de própolis e mel. Estamos falando de uma geração de renda dentro da comunidade de R$ 50 mil por mês que chegará a R$ 600 mil por ano. No futuro, queremos implantar a produção de tilápias em caixas de mil litros, produção de ovos de codornas e implantação de biodigestores para geração do biogás – sonha o morador.
Faperj avalia expansão do edital para outras comunidades
O Favela Inteligente, da Faperj, contemplou, ao todo, 26 projetos selecionados, que disponibilizou recursos da ordem de R$ 8.594.877,61, sendo cerca de R$ 6 milhões destinados para itens de despesa de custeio e R$ 2,5 milhões para despesas de capital. O objetivo é apoiar iniciativas de instituições, com ou sem fins lucrativos, estabelecidas no Estado do Rio, em ações que promovam dinamismo econômico do território da Rocinha com base em Ciência, Tecnologia e Inovação.
– Essa primeira experiência do edital Favela Inteligente na Rocinha gerou tantos projetos bacanas e impactantes que estamos avaliando a expansão do edital e o lançamento em novas comunidades – destaca Jerson Lima Silva, presidente da Faperj.