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Como a Reforma Tributária impacta o agronegócio?

A maioria dos Congressistas está otimista com a aprovação da Reforma Tributária, mas quais mudanças a aprovação do projeto deverá trazer?

O sistema tributário é tão complexo que as empresas brasileiras gastam até R$ 310 bilhões a mais para estar em dia com os impostos, em comparação com as companhias instaladas em países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O levantamento é do Movimento Brasil Competitivo.

Nesse sentido, o objetivo da PEC 45/2019 é diminuir as dificuldades e o custo Brasil apurado para investimentos, circulação de bens e mercadorias e prestação de serviços em atividades econômicas. No aspecto de técnica tributária, foi utilizada a unificação dos principais tributos incidentes sobre o consumo para a tentativa de diminuição da carga tributária acumulada em bens e serviços.

Por ser o setor responsável por mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio é um dos principais setores impactados pela tributação excessiva. Diante disso, propõe-se analisar o impacto da proposta legislativa de reforma tributária que aguarda as discussões no Congresso Nacional.

Foto: Ranking dos Políticos

Relação de audiências públicas do Senado Federal

Estão sendo realizadas no cronograma do Grupo de Trabalho da Reforma Tributária uma série de audiências públicas sobre o tema. Sendo abordados:

Lacunas no sistema tributário brasileiro;
Audiência com os governadores;
O impacto da reforma no setor de serviços;
O impacto na indústria;
Como afetará o agronegócio e o cooperativismo;
Os regimes específicos e diferenciados;
Os efeitos segundo a perspectiva dos estados;
E os efeitos sob a ótica dos municípios.

Mudanças nos Tributos

Os 5 principais tributos incidentes sobre o consumo serão unificados:

PIS (imposto federal);
COFINS (imposto federal);
IPI (imposto federal);
ICMS (imposto estadual);
ISS (imposto municipal);
IVA DUAL, composto por:
Federal: Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS);
Estadual/Municipal: Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
Imposto Seletivo (IS)*

Observação: a princípio, todas as atividades econômicas que possuam bens e serviços estarão sujeitas ao IVA, excluindo-se as operações de exportação.

Imposto Seletivo (IS)

Incidirá o Imposto Seletivo (IS) a produção, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como fatos geradores de incidência tributária.

O IS será regulamentado por legislação específica e deverá compor a base de cálculo da CBS e do IBS. Pontos Favoráveis da Reforma Tributária ao Agronegócio;

Foto: Ranking dos Políticos

● Alíquota zero em produtos vinculados à cesta básica;
● Alíquota reduzida para 60% aos produtos agropecuários;
● Definição de não contribuinte: produtor rural, tanto pessoa física, quanto pessoa jurídica, com faturamento de até R$ 3,6 milhões ao ano;
● Previsão de direito ao crédito presumido em operações com produtores não contribuintes;
● Definição de que o crédito presumido deverá ser definido em lei complementar;
● Não incidência de taxação sobre aeronaves, tratores e máquinas destinadas à atividade agrícola; Pontos Favoráveis da Reforma Tributária ao Agronegócio;
● Previsão de que bens e serviços vinculados à alíquota reduzida da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) não terão a incidência do Imposto Seletivo;
● Não haverá incidência do Imposto Seletivo para produtos agropecuários, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura, alimentos destinados ao consumo humano, produtos de higiene pessoal e insumos agropecuários;
● Cooperativas: previsão de regime específico com previsão de acesso ao crédito aos cooperados.
● A figura do “produtor integrado” será definida por lei ordinária, não será considerado contribuinte;
● Previsão da garantia ao direito aos créditos dos tributos incidentes nos insumos da produção de biocombustíveis.

Pontos de Atenção à Agroindústria:

● Imprevisibilidade de quais produtos estarão na lista da taxação seletiva;
● Encarecimento de alguns produtos e consequente inviabilidade de seu acesso para consumo e produção;
● Observar o termo ultraprocessados no texto da lei, para que não seja alvo de taxação;
● Composição do Conselho Fiscal e suas prerrogativas para definição de alíquotas;
● A Reforma delega 46 pontos para regulamentação futura pelo Congresso Nacional por Lei Complementar.

Observações Importantes

Fundos Estaduais – o artigo 20 da PEC poderá garantir a implementação dos fundos estaduais, como o FUNDEINFRA no Estado de Goiás. Sendo aprovado, a ADI 7363, apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que o discute perderá o seu objeto.

12 Pontos para Alteração no Senado para o Agronegócio:

1 – Alíquota ao agronegócio: aumento da alíquota de 60% para 80% referente aos impostos que incidam para produtos agropecuários e para regras de crédito;
2 – Faturamento Anual do Produtor Rural: aumento do limite de faturamento anual do produtor rural de 3.6 milhões de reais para 4.8 milhões de reais ao ano para a isenção de impostos;
3 – Fundos estaduais: necessidade de prever a impossibilidade de criação de fundos estaduais em substituição às atuais contribuições;
4 – ICMS: necessidade de estruturação de limite máximo de alíquota durante a sua vigência;
5 – Definição de imposto zero para itens da cesta básica: incluindo todas as etapas de produção até a finalização do produto para venda ao consumidor final;
6 – PIS/COFINS: inclusão para os créditos acumulados;
7 – IPVA: análise do impacto tributário na cadeia produtiva do combustível;
8 – Crédito e não cumulatividade:
PIS/COFINS: indicar, em texto expresso, que os créditos acumulados dos dois tributos poderão ser compensados com a CBS devida após a transição;
●   ICMS: diminuir o prazo para aproveitamento em até 5 anos, atualizando-o pela SELIC – ao contrário dos 20 anos propostos.
9 – Imposto Seletivo: necessidade de adequação do texto para que não haja incidência de imposto seletivo para cesta básica e demais itens essenciais que terão alíquota reduzida;
10 – ITCMD: garantir, expressamente, que a Lei Complementar defina a não incidência de imposto no caso de sucessão familiar nas pequenas propriedades rurais acerca do imposto sobre herança;
11 – Previsão de que o cálculo do tributo sobre a aquisição em relação ao crédito presumido deve ser feito sobre o valor da aquisição;
12 – Não tributação das exportações, incluindo a inaplicabilidade do estorno do crédito advindo do produto, com garantia de restituição em até 60 dias;

Tendências da tramitação da Reforma Tributária

A Pesquisa do Ranking dos Políticos de junho de 2023 apontou que a maioria dos deputados federais e dos senadores estão otimistas com a aprovação da reforma tributária ainda neste ano, mas o otimismo na Câmara (79,4%) é maior do que no Senado (61,9%);

A previsão do relator é que a votação do texto no Senado Federal ocorra em novembro;

Para ser aprovado na Casa, é necessário três quintos dos parlamentares, após dois turnos de discussão, isto é, 49 dos 81 senadores;

A despeito de haver tendência de aprovação, como deve ocorrer mudanças na redação, a PEC precisará retornar para análise da Câmara dos Deputados;

Apesar do otimismo dos parlamentares e de haver acordo para a promulgação da PEC ainda em 2023, o calendário se mostra desafiador. Considerando as audiências públicas, os feriados e o encerramento do ano legislativo em 20 de dezembro, o Congresso Nacional dispõe de um período ligeiramente superior a 50 dias úteis para debater e deliberar sobre a matéria; Tendências da tramitação da Reforma Tributária

Vale ressaltar que após a promulgação da Emenda Constitucional, será necessário elaborar e aprovar normas que detalham e regulamentem determinados aspectos específicos da nova legislação:

● Alíquotas da CBS e do IBS;
● Detalhes dos regimes específicos;
● Mecânica do cashback;
● Sistemática de tomada do crédito;
● Produtos da cesta básica;
● Critérios para a definição do ente de destino da operação;
● Alvos do Imposto Seletivo;
● Processo administrativo fiscal.

A expectativa é que na sequência da legislatura sejam apresentados projetos de lei complementar para a análise do Congresso Nacional.

Foto: Ranking dos Políticos
By Ranking dos Politicos

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