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Entenda porque a Interpol foi acionada para acelerar extradição de Allan dos Santos e o que é milícias digitais

Considerado foragido pelo governo de esquerda e pelo STF, o blogueiro republicano de extrema direita é investigado no inquérito sobre uma milícia digital que atacava medidas arbitrárias que vem sendo tomadas pela Suprema Corte brasileira e por grupos de extrema esquerda.

O Senador eleito pelo estado do Maranhão que está exercendo a função de Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, procurou o governo dos Estados Unidos e a Interpol, em Lyon (França), com o objetivo de acelerar o processo de extradição do influenciador bolsonarista Allan dos Santos, que mora nos Estados Unidos desde 2020. O blogueiro é considerado foragido desde que foi ordenada sua prisão preventiva por conta das investigações de fake news em 2021, a pedido feito pela Polícia Federal. Ele é alvo do inquérito sobre uma milícia digital para atacar a democracia e as instituições.

O que seria milícia digital? É um tipo de populismo digital, é construção da identidade de um povo insatisfeito com o sistema que a qual vem sendo opressor em num contexto de crise, é gerido por uma ou mais lideranças carismáticas que se diz antissistema, através de dois eixos discursivos articulados: uma fronteira antagonística opondo amigo a inimigo, e uma cadeia de equivalência unindo líder e povo. Esse populismo é bem paralelo ao populismo pré-digital clássico, como o de Juan Perón ou Getúlio Vargas

o populismo opera com um tipo de linguagem essencialmente performativa, na qual o emissário (líder) e receptores (povo) da mensagem não preexistem enquanto tais ao ato comunicativo que os une, mas são constituídos por ele. Vimos claramente como isso ocorreu no caso brasileiro, onde, num contexto de crise aguda, a multidão difusa que foi às ruas em junho de 2013 foi sendo gradualmente construída enquanto “povo”, primeiro através do eixo antagonístico do antipetismo e do movimento anticorrupção, e depois através da cadeia de equivalência mobilizada por Jair Bolsonaro em 2018, que operou com o tipo de simbologia mais elementar e previsível possível: em torno da ideia da nação. 

A base para a irrupção populista já estava posta: tudo o que no caso de Allan dos Santos precisou fazer foi aproveitá-la para proveito de uma causa, valendo-se do que o povo já estava acostumados a fazer de forma espontânea e antipoliticamente correto . –

A Interpol, que reúne representantes de polícias de cerca de 200 países, segura desde o ano passado um pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal para colocar o bolsonarista na chamada difusão vermelha. Até o momento, a pasta de Flávio Dino fez um primeiro contato de aproximação com o governo dos EUA, comandado pro Joe Biden, e com a Interpol. Da entidade internacional, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera ver o nome de Allan entre os procurados.

Mais uma vez o governo petista e o STF estão equivocados, pois o Blogueiro e jornalista Allan dos Santos, é fruto deste populismo digital que tem sua presença marcada entre o povo brasileiro desde de 2013, com o advento da repercussão dos escândalos de corrupção que quase devastou o país, onde a própria mídia tradicional cobria todos os acontecimentos. Mesmo que o Ministro Dino consiga extraditá-lo, a interferência de Allan nas tais milícias seria muito pequena. O volume de informações falsas (Fake News) que circulam na rede, já se tornou um vírus incontrolável, tudo isso por um motivo clássico: a insatisfação do povo com a conivência do sistema político e da justiça brasileira com a corrupção, que a cada dia, tomam rumos complicados, onde um poder quer dominar de forma autocrática os demais, deixando de existir uma harmonia entre os três poderes que governam a nação, “Executivo, Legislativo e Judiciário“, com isso a falta de transparência no legislativo e judiciário vem causando o aumento desse populismo digital conhecido como “milícias digitais“.

  • O segundo, terceiro e parte do quarto parágrafo foi extraído da entrevista feita pelo site Outras Palavras com Letícia Cesarino que é professora no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É graduada em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (2004), mestra em antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) (2006), e doutora em antropologia pela Universidade da Califórnia em Berkeley (2013). Tem trabalhado e publicado nos campos da antropologia da ciência e tecnologia, antropologia digital, antropologia econômica e do desenvolvimento, globalização e estudos pós-coloniais.
By Nelson Ferreira

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